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10 erros comuns antes e durante uma prova
Edição 185 - FEVEREIRO 2009 - TOMAZ LOURENÇO
Já corri dezenas de maratonas e meias, mais de uma centena de
provas com menor distância, além de algumas ultras, de 50 a 89 km. Por
isso, me considero bastante experiente, já tendo presenciado situações
das mais diversas nas corridas, entre elas muitos erros de corredores,
especialmente os mais novatos, mas também de gente bastante rodada.
Com o intuito de ajudar os leitores para que problemas sejam os menores
possíveis durante as competições (e até em treinos), apresento, a
seguir, uma lista de 10 situações que devem ser evitadas ou devidamente
corrigidas, nos dias que antecedem uma prova e no próprio dia, assim
como outras 10 no transcorrer da competição.
Mas deve haver outras atitudes que corredores igualmente experientes
possam e queiram destacar e por essa razão a revista fica, desde já,
aberta a observações dos leitores nesse sentido, e que se prontifiquem a
enviá-las (por email) para a CR.
ANTES
1) NÃO PROCURAR SE INFORMAR SOBRE A CORRIDA.
Ao contrário de anos atrás, quando se ia para uma prova sem muitas
informações, e as surpresas aconteciam, atualmente o corredor tem
facilidade para saber sobre os eventos, através de publicações e pelos
inúmeros sites voltados ao segmento. A CR procura cumprir esse papel e
está sempre disponível para esclarecer dúvidas sobre provas não apenas
no Brasil, como também do exterior.
2) NÃO DESCANSAR O SUFICIENTE NA SEMANA.
Apesar de existir toda uma teoria sobre treinamento, envolvendo várias
fases de preparação, na prática sabe-se que a maioria dos corredores não
realiza um planejamento de médio e longo prazo, com exceção, talvez,
quando se tem em vista uma maratona ou um evento semelhante. Dessa
forma, se a prova é de 10 km ou uma meia-maratona, o que se faz é
realizar treinos mais rápidos e mais curtos ou um pouco mais longos e
não tão fortes, para essas duas situações citadas como exemplo. Não é
nada "científica" tal preparação, mas é corriqueira, porque acaba
funcionando de alguma forma. Só que muitos costumam manter ou até
intensificar os treinos na semana da prova, para não perder
condicionamento, o que geralmente é um erro, pois se vai chegar na
competição não devidamente descansado. Uma regra que os mais experientes
logo constatam é a seguinte: treinos excelentes durante a semana, prova
ruim no fim de semana. Portanto, para a próxima competição, opte por
fazer a última semana leve, mesmo porque está provado que não se perde
condicionamento em alguns poucos dias de descanso.
3) FAZER UM CAFÉ DA MANHÃ DIFERENTE DO HABITUAL.
Esta recomendação está em todos os lugares e já é um lugar comum. Mas
ao contrário de outras que vem sendo contestadas ou colocadas em dúvida
(pela Contra-Relógio), como a necessidade de alongamento imediatamente
antes de começar a correr ou a recomendação para se beber um copo d´água
a cada 20 minutos, esta continua valendo e deve ser seguida, para que
não se tenha surpresa antes da largada ou durante a prova. Com o
agravante que banheiros costumam estar sempre cheios na área da
concentração e raramente são encontrados no percurso...
4) USAR ROUPA OU TÊNIS NOVO. Outro
alerta que se lê em todos os sites, revistas etc, mas curiosamente não
costuma ser levado em conta por grande parte dos corredores, seja porque
o desejo de estrear algo novo bate mais forte, ou porque não se
considera tal recomendação como muito importante. É verdade que hoje em
dia a vestimenta para a prática da corrida é algo especializado para dar
o maior conforto possível ao esportista, assim como os tênis parecem
que já vem "pré-amaciados", tal a qualidade que apresentam. Mas, mesmo
assim, não vale a pena correr o risco de sofrer um incômodo durante a
prova, por conta da roupa ou do calçado, recomendação válida
especialmente para as mais longas, onde o problema tem mais chance de
aparecer.
5) IR PARA A PROVA, COM POUCA ANTECEDÊNCIA E NÃO SABENDO PRECISAMENTE O LOCAL.
Em várias cidades os participantes já conhecem bem onde as corridas
costumam acontecer, mas não se pode esquecer que mudanças de trânsito,
até por conta do evento, são sempre possíveis de ocorrer, daí este
alerta, que merece especial atenção quando se trata de provas em outras
cidades. Só quem já chegou atrasado para uma largada sabe o quanto é
desagradável. Efetivamente, não é uma experiência que valha a pena
passar.
6) NÃO PASSAR VASELINA. OUTRA RECOMENDAÇÃO CONHECIDA E MUITAS VEZES ESQUECIDA. Ela
é indicada notadamente para os dias mais frios, para os corredores mais
pesados e quando da participação em percursos longos. Além dos mamilos,
sugere-se passar vaselina também entre coxas e na parte genital. Alguns
gostam de usar o produto nos pés, igualmente para evitar assaduras, mas
é necessário atenção para não exagerar, para que os pés não fiquem
"dançando" na meia/tênis.
7) ALONGAR POR MUITO TEMPO.
Este hábito já está arraigado entre inúmeros corredores, ainda mais que
várias são as provas que fazem uma seção de alongamento pouco antes do
tiro de largada. Como a revista mostrou em edições anteriores, esse
"puxa-estica" imediatamente antes de começar a correr não traz qualquer
ajuda (para evitar lesões ou para correr melhor) e pode até prejudicar a
performance. O indicado é que se faça um simples aquecimento, através
de trote, ou que se comece sem forçar, para ir acostumando a
musculatura.
8) FICAR BEBENDO BASTANTE LÍQUIDO ANTES DA LARGADA.
Da mesma forma que os alongamentos antes do começo de uma corrida, a
falta do que fazer leva muita gente a ocupar o tempo ingerindo líquidos,
para começar a prova "bem hidratado". O problema é que as pessoas
exageram, e o resultado é a necessidade de parar no percurso, mesmo que a
distância seja de apenas 10 km, para urinar. Antigamente acontecia de
algumas corridas não garantirem um bom abastecimento durante o trajeto,
mas agora o que se vê é até o contrário, com inúmeros postos de água e
isotônico, daí não ter muito sentido essa preocupação com a hidratação
prévia.
9) ESQUECER DE AMARRAR FIRME O TÊNIS.
Naturalmente que todo mundo sabe da importância de amarrar bem o tênis,
ainda mais que se precisa prender o chip. Acontece que mesmo quando
essa operação é feita com cuidado, os cadarços podem se soltar durante a
competição, atrapalhando o corredor e o fazendo perder algum tempo.
Isto acontece especialmente quando está chovendo ou quando se transpira
muito (ou se joga bastante água no corpo), fazendo com que os cadarços
se amoleçam e soltem. A solução é muito simples: basta dar um nó no
cadarço, após o laço. Também existe um dispositivo para prender firme o
laço, enquanto alguns preferem colocar para dentro do tênis os cadarços.
10) SE POSICIONAR O MAIS NA FRENTE POSSÍVEL.
É lógico que todo mundo quer sair perto da linha de largada, para não
perder tempo no momento em que o congestionamento é maior, como acontece
cada vez mais em nossas corridas, especialmente as nas grandes cidades.
Só que esse empenho para se posicionar na frente acaba sendo pouco
producente e até perigoso, a não ser que você seja efetivamente um
corredor rápido. O tempo que se perde nas largadas costuma ser
inexpressivo e, além disso, as provas costumam considerar os tempos
líquidos, contados apenas a partir do momento em que a pessoa passa pelo
tapete da largada. E a saída entre os mais rápidos, pode acarretar uma
queda e muito provavelmente alguns xingamentos ou empurrões, por estar
atrapalhando os demais.
DURANTE
1) COMEÇAR A PROVA MUITO FORTE. Este
aspecto por vezes está relacionado ao 10º quesito da primeira parte da
matéria, ou seja, muita gente larga em ritmo acelerado por ter se
posicionado na frente e, com medo de ser atropelado, faz os primeiros
metros "voando", mas logo cansa. Mesmo para quem corre em bom ritmo, mas
não é um atleta de elite, o recomendável é sair sem forçar demais,
achando sua velocidade ideal logo depois e até guardando um pouco para a
parte final da competição, para uma chegada triunfante.
2) ESTABELECER UM DETERMINADO RITMO RÍGIDO.
Conversa comum antes de largadas é sobre o ritmo que cada um pretende
fazer. É algo até razoável tal previsão ou aspiração, mas ela precisa
ser devidamente considerada, para não acabar prejudicando o resultado
final do corredor, para mais ou para menos. Vamos explicar! Ao se entrar
numa prova com o objetivo de fazê-la em tantos minutos por quilômetro,
checando no relógio cada passagem de km, acaba se ficando escravo do
ritmo, mas pode-se estar num dia ruim (cansado por alguma razão) ou a
prova não estar oferecendo boas condições pelo percurso ruim ou alta
temperatura. Dessa forma, não será possível cumprir o ritmo almejado e
assim deve-se encarar a situação, correndo-se na velocidade "possível"
naquele dia. O contrário também acontece, ou seja, começa-se a prova em
determinado ritmo, mas se constata que está sobrando energia (pelas
razões inversas anteriormente apresentadas) e então é o caso de esquecer
o tempo previsto (e as recomendações do treinador) e correr como o
corpo está aceitando e pedindo no momento, quem sabe até para conseguir o
recorde pessoal na distância.
3) ERROS AO PEGAR E TOMAR ÁGUA. A
questão do abastecimento parece algo simples e efetivamente é, mas os
iniciantes por vezes se atrapalham. A começar pela procura logo da
primeira bancada de água, sempre a mais congestionada, quando
normalmente muitas outras estão pela frente. E depois de pegar o copo a
recomendação é se afastar do local, para facilitar para os outros e não
se chocar com os mais (ou tão) afoitos. Outra recomendação é quanto à
forma de beber a água do copo. Muitos ainda abrem completamente o lacre e
ao tentarem beber, além de desperdiçarem boa parte, acabam se
engasgando. O correto é fazer um furo na tampa, com o dedo, e ir tomando
de golinhos. E nem precisa tomar tudo, podendo o restante ser jogado na
cabeça, para refrescar.
4) FICAR CORRENDO EM ZIGUE-ZAGUE.
Esta recomendação é óbvia, uma vez que qualquer pessoa sabe que o mais
lógico é o corredor não sair de seu caminho, desviando para um lado ou
outro, porque acaba cortando a frente dos outros, com risco de quedas,
além de prejudicar seu próprio rendimento, uma vez que acabará fazendo
uma distância superior à aferida pelo evento. Apesar disso, alguns fazem
essa "operação", quando da proximidade de postos de abastecimento, ou
para conversar com um amigo, ou para ser fotografado, ou para sair na
TV...
5) NÃO PROCURAR TANGENCIAR AS CURVAS. Aqui
a questão é técnica e se resume a alertar para que a pessoa corra a
distância efetivamente medida, resultado de uma aferição feita por
pessoal gabaritado e que realiza o melhor tangenciamento possível das
curvas, com o objetivo de procurar encontrar a menor distância. Ou seja,
quem corre certo, completa o mesmo trajeto do medidor, enquanto os
outros fazem alguns metros mais.
6) LEVAR GEL PARA UMA PROVA DE 10 KM.
Citamos o gel de carboidrato, mas pode ser um outro suplemento
qualquer. Efetivamente em eventos de curta distância não é necessária
qualquer suplementação, para repor a energia perdida, bastando água e
eventualmente o isotônico fornecido pela organização. Mesmo porque a
absorção por parte do organismo demora algum tempo, daí tal ingestão não
fazer qualquer diferença.
7) NÃO PARAR OU REDUZIR AO SENTIR MAL ESTAR. Correr
significa se esforçar para vencer determinada distância e mesmo que não
se trate de uma pessoa competitiva, algum empenho sempre será
necessário. Isso poderá significar algum sofrimento durante a
competição, mas deve-se separar bem o que são dores musculares ou o
cansaço natural, de um mal estar repentino, como tontura, dor no peito,
vontade de vomitar. Nestes casos, não se deve titubear: é parar e ir
caminhando, ou pelo menos reduzir o ritmo. Se tudo voltar ao normal, a
corrida continua, caso contrário procurar ajuda médica o quanto antes.
8) NÃO RELAXAR OMBROS E BRAÇOS. Pode
parecer bobagem esta recomendação, na medida em que o que manda numa
corrida são as pernas (e os pulmões). Mas correr muito tenso é
prejudicial para o rendimento do atleta, daí se indicar que de tempos em
tempos o corredor procure dar uma relaxada nos ombros e braços, e
também não fique olhando fixo para frente, mas aproveitando para trocar
idéias com alguém ao lado, vendo a paisagem, brincando com a platéia
(quando existe...).
9) ALONGAR QUANDO SURGEM CÂIBRAS.
O tema não tem unanimidade, até pelo contrário, com muita gente
recomendando que se alongue quando as câibras aparecerem durante uma
competição. Mas fisiologistas e fisioterapeutas comentam que tal atitude
nada ou pouco ajuda, sendo mais producente simplesmente procurar
caminhar até as contrações pararem ou diminuírem. Melhor ainda se a
pessoa conseguir aplicar gelo no local.
10) ACABAR A PROVA, PARAR E ALONGAR.
Assim como antes de começar a correr se sugere um prévio aquecimento,
para depois também se indica um desaquecimento, que pode se dar através
de caminhada ou mesmo um trote. Nada de parar imediatamente e começar a
alongar. Esta atitude é perigosa para o sistema cardiorrespiratório
porque o coração, que vinha trabalhando em ritmo acelerado, não muda
automaticamente de ritmo ao se terminar a prova e, dessa forma, acaba
bombeando mais sangue do que o corpo passa a necessitar. E alongar com o
corpo muito quente pode levar a um esticamento exagerado das fibras
musculares, com risco até de rompimento. Portanto, deixe o alongamento
para depois de caminhar por uns tempos e se hidratar.
54 Respostas para “10 erros comuns antes e durante uma prova”
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Gracias!
Obrigado.
É muito comum ver estes erros praticados a cada corrida.
A matéria contribui para melhorar o desempenho do atleta durante a corrida.
caminhada “Mama”
Confesso que já cometi algumas dessas bobeiras!
Obrigado por dividir sua larga experiência conosco.
Principalmente para iniciantes que mesmo com bons treinadores
acabam influenciados pelos “mais experientes” e cometem pequenos
erros que podem comprometer tanto o treinamento quanto as provas.
Robinson Pinheiro
Ibitinga-SP
Abraços.
Roberto-
São Pedro da Aldeia- Região dos Lagos- R.J
Nota 1000.
Abrazos e felicidade Walter
Parabéns pela iniciativa de publicar uma matéria com este conteúdo de grande valia para muitos corredores.
Uma leitura interessante, que vale a pena fazer.
Um forte abraçõ a toda equipe CR!!!!
Obrigado,abraços
Muito Obrigado!