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Treino em rampas é duro, mas vale a pena
Edição 213 - JUNHO 2011 - MARCELO AUGUSTI
Como exemplos desses benefícios
estão aumento do consumo de oxigênio, elevação da capacidade de
tolerância ao esforço e melhora da coordenação muscular. Mas há de se
ter determinadas precauções para que o treino de força não venha a ser
um incômodo ao corredor. Assim, cuidados
devem ser tomados ao se treinar em terrenos muito íngremes. Essas
elevações morro acima, que a princípio parecem interessantes, devem ser
realizadas apenas eventualmente.
O
problema, em tais casos de exagero na corrida em aclives acentuados,
irá incidir sobre e principalmente os tendões calcâneos e os músculos
das panturrilhas, que podem se inflamar após esses usos e abusos mal
programados. E o corredor já sabe: tendões e músculos inflamados
significam não treinar e não competir.
Entretanto,
longe de ser um vilão, a corrida morro acima ou o treino em rampas é um
dos meios naturais mais eficientes para se treinar a força, mas que
exige disciplina e disposição do corredor para a sua execução.
A primeira coisa a fazer, ao se treinar em rampas, é exatamente escolher
um local apropriado. Pode ser um gramado, um terreno de chão batido ou
mesmo asfalto. O importante é observar a inclinação do terreno, os
obstáculos na superfície (buracos, pedras etc) e a distância do trajeto,
que deve estar adequado às pretensões do corredor.
A
inclinação do terreno é fundamental: aclives muito acentuados devem ser
evitados (imagine aquela rampa em que você enxerga apenas o céu...). A
melhor rampa é a em que o corredor pode sentir a dificuldade da subida
gradualmente, mantendo-se o ritmo da passada e a postura.
O
treino em rampas deve ser realizado uma ou duas vezes na semana, não
mais do que isso. Caso o corredor já faça rodagens em percursos
acidentados e com variados aclives e declives, as rampas poderão ser
observadas apenas uma vez na semana. Eventualmente, um desafio mais
íngreme poderá ser realizado, desde que isso não traga problemas futuros
ou imediatos ao corredor.
POR TEMPO OU DISTÂNCIA?
Após a decisão por colocar o treino em rampa na planilha semanal, o
corredor irá optar por qual a melhor maneira de percorrer o trajeto: por
tempo ou por distância? Quantas repetições? O que fazer na recuperação?
Distância e tempo fixo ou progressivo? Qual o ritmo?
Feito
isso, o corredor terá algumas opções interessantes para realizar esse
treino (ver tabela), que é tão temido por muitos atletas, mais pela
incompreensão do seu modo de fazer do que propriamente pelas suas
dificuldades.
Nos treinos em rampa, o
ritmo utilizado deve estar próximo a 60-70% do ritmo de competição. Mas
atenção: treinos em rampas prolongadas e em velocidades elevadas apenas
promovem desgaste e não cumprem com o seu objetivo principal, que é
aumentar a capacidade de tolerância ao esforço. Portanto, o ritmo deve
ser moderado ao enfrentar os aclives.
Entre
uma e outra repetição, o corredor retornará trotando ou caminhando ao
local de saída. É a sua recuperação antes de iniciar a próxima subida.
O
corredor também poderá seguir a seguinte orientação metodológica: em
períodos mais distantes da competição, as rampas devem ser realizadas em
terrenos gramados; em um segundo momento, em estradas de chão batido;
e, próximo às disputas, no asfalto.
Longe
das provas, as distâncias ou a duração poderão ser maiores
(condicionamento); próximo das provas, distâncias e durações menores são
mais interessantes (manutenção da forma).
Tal
orientação vai de encontro à especificidade do treinamento, ou seja,
quanto mais próximo da disputa, mais o treino se dirige para solucionar
as tarefas específicas da preparação. Além disso, a variação de terreno
auxilia o corredor na proteção de seus tendões e músculos.
No
caso contrário, ou seja, a corrida em declive ou "morro abaixo", muita
cautela. Os músculos posteriores da coxa são muito exigidos em sua
extensibilidade e força e o efeito de frenagem provocam transferências
negativas sobre a técnica de corrida. O risco de lesões é maior e todo
cuidado ainda será pouco.
Agora que
você já conhece algumas possibilidades para realizar o treino de força
nos aclives e a sua saúde está em dia - pois as subidas vão exigir algo
mais de você - vá adiante, pois as rampas o esperam!
Exemplos de treinamento em rampa
4 Respostas para “Treino em rampas é duro, mas vale a pena”
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