// Especial //
'A corrida mais difícil do mundo'
Edição 222 - MARÇO 2012 - ANDRÉ SAVAZONI
Muitas provas gostam de usar esse subtítulo com o objetivo de atrair participantes. E algumas são mesmo muito duras, mas nem por isso metem medo em milhares de corredores pelo mundo.
Completar uma ultramaratona é difícil? Para quem treina regularmente e costuma fazer maratonas, a resposta é não. Complicado mesmo é correr os 100 m rasos abaixo de 11 segundos; poucos no mundo atingem esse feito. Por distância ou tempo (12 ou 24 horas, por exemplo) a diferença que você sai sentir ao decidir estrear numa ultramaratona está na preparação semanal, com um aumento gradual da quilometragem sem tantos treinos de explosão muscular, como os exigidos para os 10 km (principalmente) e mesmo para 21 ou 42 km.
Mesmo sabendo desses fatores, há uma disputa mundial, com muitos organizadores estampando nos sites oficiais: "Venha correr a ultramaratona mais difícil do mundo!" Uma exceção é a Two Oceans, de 56 km na Cidade do Cabo - África do Sul, cujo slogan é "A mais linda do planeta".
Há uma diferença relativa no termo ultramaratona no Brasil e exterior. Aqui, a classificação é usada para qualquer prova superior a 42.195 metros, a distância oficial da maratona. Um segundo critério na classificação é o tempo: provas de 6, 12, 24 ou 48 horas, por exemplo. Já nos Estados Unidos, ultramaratona refere-se tradicionalmente às corridas a partir de 100 km.
Jorge Cerqueira, do Rio de Janeiro, conta que partiu para as longas distâncias por estar cansado das provas menores. Estreou na Meia do Rio em 2011 e em 2008 já fazia sua primeira ultra, de 50 km. "Em 2009 estreei nas de 24 horas em pista de atletismo e não parei mais", conta.
Na preparação para uma prova longa, Cerqueira acorda às 5 horas, treina até as 7h30, vai trabalhar e à noite tem mais planilha de corrida ou de musculação a ser cumprida. Para ele, é importante acostumar o corpo também ao horário da corrida. Assim, ao lado de alguns amigos, treinou de sexta para sábado em fevereiro, das 23h30 até as 3 horas. "Estamos nos preparando para as 12 horas de Macaé (RJ) e a intenção de treinar nos três horários é para acostumar o corpo", explica Cerqueira.
Segundo o corredor, tanto o atleta quanto a família têm de se dedicar ao projeto, já que não é fácil treinar em dois ou três períodos para uma ultra. Isso sem falar das em montanhas. "Corri uma em dezembro passado de 80 km e a altimetria foi duríssima, mas soube administrar o tempo e ganhei a prova", recorda. Para ele, a ultra mais difícil do Brasil é a BR-135. No exterior, destaca a Comrades (África do Sul) e a Badwater (EUA).
Basicamente, os longões e o volume semanal vão sendo ampliados gradualmente na preparação para uma ultramatarona. Nos treinamentos, prevalece mais a resistência aeróbia do que o treino de velocidade, comum para corridas de 5 e 10 km. Como geralmente as variações altimétricas são grandes, é importante preparar-se também com subidas em asfalto e trilhas para ganhar força muscular e resistência. O ritmo em uma ultra é mais lento do que numa maratona ou 21 km, e a resistência acaba sendo mais decisiva do que ritmo, pois o corpo ficará horas em atividade, seja nas provas por distância ou nas por tempo.
DESAFIO DOS CAMPEÕES. Considerada pelos próprios ultramaratonistas como uma das mais difíceis do mundo, ao acessar o site da Badwater (www.badwater.com) você já pode ler: "The challenge of the champions (O desafio dos campeões)". E, realmente, é um desafio, a começar pela distância de 135 milhas (217 quilômetros). A largada é no sugestivo Vale da Morte (Death Valley), com chegada no Monte Whitney, na Califórnia. Os atletas começam a correr na menor elevação do Hemisfério Ocidental (85 m abaixo do nível do mar), enquanto a chegada ocorre numa altitude de 2.530 m! O percurso corta três cadeias de montanhas num total de 3.962 m de ascensão vertical com 1.433 m de descida. Sem falar na temperatura extrema, que pode chegar aos 50°C em alguns trechos. Sentiu-se atraído? A prova será entre 16 e 18 de julho, mas precisa ter "currículo" para conseguir se inscrever, além de recursos para os altos custos da empreitada.
Outra ultramaratona que disputa o título de mais difícil do mundo é a Beast Of Burden Winter 100 Miler, prova de 100 milhas (160 km) realizada no inverno rigoroso de Buffalo, nos EUA. Na página principal do site oficial (www.winter100.com), uma mensagem de provocação à Badwater: "Sim, nós sabemos que você pode rodar 100 milhas. Você pode correr pelas montanhas mais altas e com o calor do sol nos vales do deserto, mas e fazê-lo no coração do inverno? Com os pés enfiados na neve? Você está pronto para libertar a fera que existe dentro de você e correr 100 milhas no frígido e histórico Erie Canal Towpath? Em 21 de janeiro, você vai precisar de toda a proteção que conseguir!" Mais desafiante, impossível. O ultramaratonista brasileiro Valmir Nunes esteve lá em janeiro, não só vencendo a prova, como batendo o recorde do percurso, com 14:56:33, quase três horas de vantagem para o segundo colocado.
Na Europa, uma das ultras mais conhecidas é a Spartathlon (www.spartathlon.gr), com distância de 246 km entre as cidades gregas de Atenas e Esparta. A corrida tem o objetivo de traçar os passos de Fidípides, mensageiro ateniense que teria sido enviado a Esparta no ano 490 a.C. para buscar ajuda contra os persas na Batalha de Maratona. A corrida tem largada na última sexta-feira de setembro (dias 28 e 29 neste ano), aos pés da Acrópole. Os atletas passam por 75 postos de controle no caminho, com horários de corte.
A África do Sul pode ser considerada o país das ultramaratonas. Duas são reconhecidas mundialmente e sonho de consumo de milhares de corredores ao longo do mundo. Uma delas, a Two Oceans ("The world's most beautiful marathon", conforme o slogan no site oficial, www.twooceansmarathon.org.za), na Cidade do Cabo (banhada pelo Oceano Atlântico e pelo Índico, daí o nome), é realizada todo sábado de Páscoa (dia 7 de abril em 2012). São 56 km; nos primeiros 28 km predominam descidas e trechos planos costeando o Índico até o início do retorno. A partir daí, se retorna costeando o Atlântico e começam as oscilações de altitude mais drásticas.
MAIS FAMOSA. Vem da África do Sul também a ultramaratona mais conhecida e desejada no mundo das corridas, a Comrades. Ao contrário das demais, é uma prova popular, com 18 mil participantes. O trajeto é praticamente todo em sobe e desce, sempre por estradas asfaltadas, com a diferença de que nos anos pares sai-se de uma altitude zero (nível do mar) e chega-se a 400 metros (passando-se por pontos a mais de 500 metros) e o inverso nos ímpares. "Em subida", a distância é de 87 km e, "em descida", 89 km. O tempo-limite da prova é de 12 horas (média arredondada de 8 min por km) e a maioria consegue completar, com direito à medalha. Mas quem chega depois nada recebe e inclusive não tem direito sequer a passar pelo pórtico. Um ponto interessante é que, devido ao grande número de participantes, você não corre sozinho em nenhum momento. O editor da CR, Tomaz Lourenço, fez a Comrades nos dois sentidos, em 2007 e 2008. Em 2012, a prova será no dia 3 de junho e as inscrições costumam acabar logo. Mais informações www.comrades.com.
No Brasil vem crescendo em número de ultramaratonas, mas o número de participantes ainda é pequeno. Duas das mais tradicionais são o Desafrio Urubici (SC) de 52 km e que atinge o ponto mais alto da região sul do Brasil, sendo eleita pelo segundo ano consecutivo como uma das 20 provas imperdíveis da Contra-Relógio. Neste ano, a prova será no dia 23 de junho (www.ecofloripa.com.br/desafrio). Outra corrida tradicional é a Supermaratona do Rio Grande, de 50 km, na cidade de Rio Grande (RS). Em 2012, aconteceu dia 4 de março (www.acorrg.com.br).
Sentiu-se desafiado e quer se arriscar numa ultramaratona? O primeiro passo é ter uma bagagem nas corridas. Depois, o importante é fazer exames médicos e acertar a preparação. No restante, se já treina regularmente para maratonas, vai começar, basicamente, a ampliar a quilometragem semanal e os longões, tanto em distância quanto em duração.
Uma resposta para “‘A corrida mais difícil do mundo’”
- ALO AMIGOS BOA TARDE E UMA PENA QUE UMA REVISTA TAO BRILHANTE COMO ESTA NAO TENHA DIVULGADO NADA SOBRE O ATUAL CAMPEAO DA BR 135 2012 FICA AQUI MINHA PERGUNTA SERA PORQUE ELE E UM SIMPLES SERVENTE DE PEDREIRO OU PORQUE NAO TEM PATROCINADOR ADMIRO QUE ESTE VEICULO DE COMUNICAÇAO NAO TENHA DADO CREDITO AO NOSSO HUMILDE CAMPEAO.
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