quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Não deu pros EUA 2009


Não deu pros EUA
Mais uma vez, no Dia do Patriota, os norte-americanos ficaram a ver navios. Acreditavam que, neste ano, teriam chances de emplacar alguém, homem ou mulher, na vetusta Maratona de Boston, mais antiga prova do gênero no mundo, corrida na manhã de hoje. No masculino, apostavam suas fichas no fenômeno Ryan Hall; no feminino, tinham longínquas esperanças de que a bela Kara Goucher mantivesse no país a medalha de ouro, não vista por eles há mais de duas décadas.
Os sonhos se esfumaçaram no asfalto.
Diferentemente do previsto, foi no feminino que as chances dos patriotas acabaram sendo maiores. Graças a um ritmo lerdíssimo desenvolvido ao longo de toda prova, a norte-americana conseguiu se manter firme no pelotão de liderança. Durante muitos quilômetros, ficou mesmo na frente do grupo, levantando o vento na cara.
Estavam com ela outras seis, que, depois do km 35, foram se afinando em cinco, quatro e, já quase chegando a hora do vamos ver, apenas duas, a queniana Salina Kosgei (32), cujo nome não aparecera entre as favoritas, e a jovem etíope Dire Tune (23), que sabia tudo do percurso, vencido por ela no ano passado na até então mais apertada chegada da história da prova feminina, com apenas dois segundos de diferença em relação à segunda colocada.
No masculino, a história é diferente. Hall pareceu ter descoberto a pólvora, uma nova e sensacional estratégia para quebrar adversários: saiu em disparada puxando o pelotão, que passou a marca do km 5 com quase 40 segundos abaixo da passagem do recorde da prova e se manteve, nas passagens do km 10 e do km 15 na mesma velocidade. Será que o feitiço não iria virar contra o jovem e loiro feiticeiro?
Pois virou. O tetracampeão Robert K Cheruiyot chegou nele para mostrar quem é que conhecia o ritmo, outros quenianos também se somaram, assim como uma dupla etíope. Depois do km 30, os dois da terra de Haile seguiram embora, levando consigo o tetracampeão, que também não resistiu ao ritmo. E o parceiro do etíope líder também desabou: o caminho estava livre para Deriba Merga prosseguir.
E, é ele mesmo, o infeliz que liderou por quilômetros e quilômetros a duríssima maratona olímpica apenas para ser atropelado pelo jovem guerreiro Wanjiru e, depois, já no estádio, vendo a chegada se aproximar, cair do segundo para o quarto lugar em pouco mais de 200 metros...
Mas voltemos à final feminina: passado o km 40, as duas africanas, uma baixinha, minúscula, outra elegante, pernuda, fazem seu ataque. La Goucher, bela balzaquiana recém-iniciada nos mistérios da maratona, tenta resistir, mas, já nas ruas de Boston, a história está sendo escrita pelas estrangeiras.
Elas se digladiam, intercalam, uma ultrapassa a outra, a outra ultrapassa a uma, até que a maravilhosa petite dá seu arranque final, e ele não é suficiente para conter o vigor das pernas mais longas da queniana, que passa para conquistar a mais apertada vitória da história, apenas um segundo à frente da etíope, que cruza e desaba (teve de ficar em observação em um hospital local, mas não tive notícias de nada mais grave).
Goucher chega num tardio terceiro, banhada em lágrimas.
Hall também é terceiro, pois desta vez não houve quem ameaçasse Merga, ficando em segundo o queniano Daniel Rono, cujo nome também não aparecera entre os favoritos, enquanto o tetracampeão vai deixar para 2010 o sonho do penta.
No site oficial da prova, você encontra todos os detalhes de tempo, passagens a cada cinco quilômetros, prêmios em dinheiro e mais uma montoeira de coisas, até mesmo links para diversos vídeos bacanérrimos.
Divirta-se.
PS.: As fotos desta mensagem são da AP.
Escrito por Rodolfo Lucena às 19h59

Nenhum comentário:

Postar um comentário