quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Água demais faz mal


Saúde
Água demais faz mal
Estudo de Harvard alerta para
os perigos do excesso de líquidos
durante os exercícios físicos


Anna Paula Buchalla



Thomas Kienzle/AP
Mulheres maratonistas: principais vítimas da hiponatremia


Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e publicado no The New England Journal of Medicine deu, na semana passada, o aval científico que faltava para que médicos e treinadores de todo o mundo revejam seus conceitos sobre a quantidade de água a ser ingerida durante as atividades esportivas. Por muito tempo, a recomendação do Colégio Americano de Medicina Esportiva era que os atletas deveriam tomar o máximo possível de líquidos durante o exercício físico para evitar a desidratação. Chegava-se a sugerir o consumo de até 250 mililitros de água a cada quinze minutos de atividade. Agora, o que se sabe é que água em excesso faz mal e pode levar à hiponatremia. Caracterizada pela falta de sódio no sangue, essa síndrome atinge principalmente mulheres jovens e pode levar suas vítimas à morte. A pesquisa de Harvard analisou amostras de sangue de 488 corredores, antes e depois da Maratona de Boston de 2002. Embora a maioria estivesse bem hidratada, 13% dos atletas beberam tanta água que apresentavam quadro de hiponatremia, com inchaço no estômago, vômito, fadiga extrema e perda de coordenação motora. Esses corredores tomaram, em média, 3 litros de água ou isotônico.

"O clima, o tempo da atividade e as características de cada pessoa definem o consumo ideal de líquidos", diz o médico Paulo Zogaib, especialista em medicina esportiva. De maneira geral, contudo, o que se prega agora é a reposição exata do que se perdeu durante o exercício (veja quadro). As diretrizes de hidratação durante a prática esportiva começaram a ser revistas depois que duas mortes por excesso de água aconteceram em maratonas americanas, em 2002. Muita água provoca a diluição do sódio. É o mineral que mantém o equilíbrio dos fluidos corporais e ajuda a conduzir os impulsos elétricos para os músculos, inclusive o do coração. A falta de sódio pode deflagrar uma cascata de respostas neurológicas severas: dor de cabeça, desorientação e até parada respiratória.
Água demais não é bom nem antes, nem durante, nem depois do exercício, tampouco nos períodos de repouso. "É preferível tomar pequenas doses de líquido ao longo do dia a ingerir uma grande quantidade de uma vez", diz Antônio Lancha Júnior, professor de nutrição da Universidade de São Paulo. Quando não se está praticando atividade física, o cálculo da quantidade ideal de líquido a ser ingerido diariamente tem um parâmetro diferente. Ele não se baseia no peso, porque durante as atividades do cotidiano não há perda significativa de líquido. O importante é manter o equilíbrio hídrico do organismo. Por isso, a quantidade ideal depende do total de calorias ingeridas ao longo de um dia. Recomenda-se beber líquidos no mesmo volume de calorias consumidas. Para uma dieta de 1.200 calorias, 1,2 litro de água. E nada mais.
 
A medida ideal
O atleta ou o esportista amador deve repor em líquido exatamente o que perdeu durante o exercício. Para chegar a esse valor, ele deve se pesar antes e depois do treino e anotar a perda de peso. O ideal é fazer isso pelo menos três vezes, em dias diferentes, e tirar uma média. Abaixo, como calcular a quantidade de líquido a ser reposta
Digite seu peso antes do exercício
 Kg
Digite seu peso depois do exercício
 Kg
 
Peso perdidoA perda de peso (em quilos) é igual à quantidade de líquido a ser reposta (em litros)
 Kg
Porcentagem da perda
 %
O QUE FAZER
• Se a perda for menor do que 2%, deve-se consumir a mesma quantidade de peso em água
• Se a perda for igual ou maior do que 2%, deve-se consumir metade da quantidade de peso em água e a outra metade em isotônico


Fonte: Paulo Zogaib, médic

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