Atletismo - Em dia com o esporte | |
Muitos pesquisadores dividem a história do atletismo em três fases. A primeira seria do surgimento das civilizações à extinção das Olimpíadas – determinada pelo Imperador romano Teodósio, no ano de 393 d.C.. A segunda é delimitada entre a Idade Média – mesmo que de forma descontínua e focada em treinamento dos exércitos – ao século XIX, quando o atletismo foi introduzido nas escolas inglesas por educadores vitorianos. Em 1896 dá-se o início da terceira fase com a volta dos Jogos Olímpicos – proposta do francês barão Pierre de Coubertin -; até os dias de hoje. O século XX foi o palco para um enorme salto tecnológico, que atingiu e transformou a humanidade de forma nunca vista até então. A medicina, a indústria, a filosofia, a arte e claro os esportes foram aprimorados com uma velocidade determinante de resultados muitas vezes impossíveis de se imaginar. Nos esportes, a superação de limites encontra o cenário mais emocionante. Quando um atleta quebra um recorde mundial o significado de seu feito alcança esferas que o surgimento de um novo computador, jamais alcançará. O esporte emociona e dignifica – assim é visto há anos, e por esta razão é assunto sério para governantes, educadores e pais. Neste ano, o Mundial de Atletismo, realizado em Paris, foi o maior de todos os tempos. Reuniu mais de 1900 atletas, vindos de mais de 200 paises. A participação masculina ainda é maior que a feminina. Foram 1054 inscritos em provas masculinas e 848 nas competições femininas. Esta foi a nona edição do torneio e sua importância cresce a cada ano. O atletismo engloba modalidades de exercícios físicos que embasam praticamente todos os outros esportes praticados atualmente. O jogador de futebol que não for um excelente corredor, saltador e arremessador, certamente não obterá sucesso nos campos. O mesmo acontece entre os jogadores de basquete, vôlei, handebol, etc. Provavelmente este erro não será repetido no futuro do mundo. A medicina já comprovou os benefícios trazidos para a saúde pela prática esportiva, a indústria cresceu e se transformou para atender as necessidades do público corredor. Além de produzir calçados adequados, tecidos leves e acessórios que ajudam a melhorar a performance dos atletas, dados de 2002 apontam que 300 mil empregos são gerados pela indústria do esporte. No Brasil, este setor movimenta em média R$ 31 bilhões, e no Mundo o valor salta para U$ 1 trilhão. Em reportagem publicada no Jornal O Estado de São Paulo em maio de 2002, “enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresceu à taxa média de 2,25% de 1996 a 2000, esse segmento registrou aumento médio anual de 12,34% no período. Os dados são da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e constam de estudo encomendado pela Confederação Brasileira de Vôlei”.
Quanto ao Mundial de Atletismo de Paris deste ano, Sergio explica que é importante entender que o grande número de participantes se deu ao fato de que alguns países vão como convidados. A Federação Internacional de Atletismo – a IAAF – para incentivar a participação dos países menores e mais pobres permite que estes levem até dois de seus atletas, mesmo que não possuam o índice mínimo para a competição. Estes atletas são subsidiados pela federação. “Então quando vemos nas competições a maioria dos atletas num nível, e de repente tem um que se sai muito pior, são estes atletas de países como Aruba, Tonga, etc, que não tem índice e a IAAF paga a passagem, e com isso acaba incentivando investimentos, etc, O que é muito benéfico”, explicou. Por este motivo, segundo o entrevistado, muitas vezes têm mais atletas participando dos mundiais de atletismo do que dos próprios Jogos Olímpicos. O desempenho do Brasil, tanto nos Jogos Panamericanos, como no Mundial de Atletismo, foi aceitável, mas nada espetacular. Sergio analisa que as equipes de atletas brasileiros estão atravessando uma fase de transição. “Acredito que se a Maurren Maggi tivesse ido ela teria provavelmente ganhado medalhas, possivelmente o Ouro – baseado no resultado da atleta da França que levou a medalha em Salto em Distância, que a Maurren fez pelo menos umas dez vezes neste ano”. Segundo o técnico, nossos velocistas estão velhos, todos acima de 30 anos, e o país terá que esperar pela próxima geração para obter melhores resultados. Um alerta importante dado por Sergio, diz respeito aos programas de apoio aos esportistas: “O Brasil não tem nenhum programa oficial consistente para a nova geração. A BM&F adotou o atletismo e tem sido uma das únicas empresas a apoiar solidamente os jovens atletas. Os brasileiros da BM&F estão conquistando medalhas nos campeonatos Mundial Universitário e Mundial de Menores e pouca gente sabe disso. As medalhas do Brasil em Santo Domingo foram conquistadas pelo Meio Fundo e Fundo – duas medalhas de ouro na Maratona do Vanderlei Cordeiro de Lima e Márcia Narloch e uma do Hudson de Souza no 1500 e uma no 5000. “A gente sabe que no país o segmento menos apoiado é justamente o Fundo e Meio Fundo. É uma total contradição, mas acho que o resultado dos nossos velocistas foi adequado e razoável considerando nossa fase de transição”. Se fosse para escolher o melhor atleta do fundo e meio fundo, Sergio escolheria Hicham El Guerrouj “que ganhou fácil os 1500m e quase ganhou os 5000m”. Em sua opinião, a melhor prova foi a dos 10.000m, “pois os três etíopes chegaram praticamente juntos”. Outro fato que Sergio aponta foi a quebra do recorde mundial na Marcha Atlética, pelo polonês Robert Korzeniowski, nos 50km e “foi a grande performance do mundial”. Nos 20km masculinos o Jefferson Pérez do Equador também bateu o recorde, e segundo análise do entrevistado, vale lembrar que a prova da marcha foi às 7:50h da manhã, horário de temperaturas um pouco mais amenas na largada, e acrescenta: “a prova dura 3h30 e, portanto, terminou no calor, mas mesmo assim, eles quebraram o recorde. Por isso considero o desempenho tão bom”. O Brasil não participou do mundial nos 50km da marcha, pois seus atletas haviam marchado nos Jogos Panamericanos. Na marcha de 20km, Sergio Vieira Galdino foi o 24º colocado, e como havia marchado 50km quinze dias antes no Panamericano, Sérgio não acredita que este resultado deva ser levado em consideração.“Ele foi mais para marcar presença do que pra competir”. Na opinião do entrevistado, a delegação que mais surpreendeu foi a da Ginástica Olímpica. Isto por que investiram o dinheiro, recebido do comitê olímpico brasileiro, na montagem de um centro de ginástica, de uma estrutura, investiu nos atletas, na contratação de técnicos e no treino da equipe. “Ao invés de organizar um campeonato e trazer as melhores ginastas pra cá, treinaram nossas atletas para mandá-las competir lá fora. Que é o que deve ser feito. No caso do atletismo, estamos no caminho errado: muitos eventos e pouco investimento na formação dos atletas e dos técnicos. Não há um programa feito para incentivar nossos meninos. O atletismo tem muita verba: tem a Caixa Econômica, a Olimpykus, o Comitê Olímpico, mas isso não se traduz num programa efetivo”. Sergio afirma que os programas devem ser de pelo menos quatro anos, com reavaliação semestral ou bimestral. Há federações que já estão com projetos mais longos, mais efetivos e este exemplo deve ser seguido. “Quem quiser fazer um programa para ter efeitos em 2008 deve começar agora! E tem que escolher os atletas, muito bem. Atletas que poderão chegar a 2008”. |
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Atletismo - Em dia com o esporte
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